Na contramão de pressão internacional, ministro de Israel sugere anexar partes de Gaza

Palestinos carregam suprimentos de ajuda que entraram em Gaza através de Israel, em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, em 27 de julho de 2025. REUTERS/Dawoud Abu Alkas Na contramão da pressão internacional por uma solução de dois Estados, o governo de Israel debate a possibilidade de anexar territórios palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A anexação de partes de Gaza foi mencionada pelo ministro da Segurança israelense, Zeev Elkin, como uma estratégia para ampliar a pressão sobre o Hamas para forçar o grupo terrorista a aceitar um cessar-fogo na guerra, travada desde outubro de 2023, com termos que favoreçam Israel. Além de Gaza, o Parlamento israelense aprovou na semana passada uma moção que considera a Cisjordânia parte de Israel, "em oposição à criação de um Estado palestino". O texto aprovado pede a anexação do território palestino, porém, tem caráter simbólico e não tem efeito prático. No entanto, ocorre em meio a uma crescente expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia, considerados ilegais. O debate dentro de Israel ocorre em meio à crescente mobilização diplomática por parte de potências ocidentais por conta da crise humanitária, com fome em níveis inéditos, dos palestinos em Gaza. A França e o Canadá anunciaram que reconhecerão a existência do Estado Palestino em setembro, e o Reino Unido também sinalizou pelo reconhecimento, a menos que Israel se comprometa com o fim da ocupação e com medidas humanitárias concretas. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou durante conferência da ONU, copresidida por França e Arábia Saudita, que o Reino Unido está preparado para formalizar o reconhecimento do Estado palestino já em setembro. A França sinalizou apoio antecipado, com o presidente Emmanuel Macron defendendo um reconhecimento “solene”, tornando o país o primeiro do Ocidente a assumir tal posição. Ambos os governos condicionam suas decisões à suspensão da expansão de assentamentos na Cisjordânia e à liberação de ajuda humanitária em Gaza. Israel repudiou os anúncios de França e Reino Unido e afirma que reconhecer a existência do Estado Palestino neste momento seria uma recompensa ao terrorismo do Hamas. O grupo foi responsável por ataques em outubro de 2023 que resultaram na morte de mais de mil israelenses e no sequestro de centenas. Desde então, o cerco militar israelense sobre Gaza provocou a morte de mais de 60 mil palestinos, segundo autoridades locais. Organizações israelenses de direitos humanos, como B’Tselem e Médicos pelos Direitos Humanos, passaram a classificar as ações do governo como genocidas. A proposta de anexação territorial ganhou força na Knesset, com parlamentares do Likud aprovando resoluções que preveem a incorporação da Cisjordânia e uma eventual reinstalação de colônias judaicas em Gaza. Ministros da ala ultranacionalista, como Bezalel Smotrich, defendem publicamente a anexação total dos territórios palestinos. Nos bastidores, ideias como a sugerida pelo presidente Donald Trump — de transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio” — voltam a circular. Vídeos em alta no g1 Pressão internacional se intensifica Em meio ao impasse, o cenário humanitário se agrava. O IPC, órgão internacional que monitora crises alimentares, alertou para o risco iminente de fome em larga escala na Faixa de Gaza. As negociações por um cessar-fogo permanecem paralisadas, enquanto emissários internacionais tentam desbloquear as tratativas. O empresário imobiliário e uma das figuras mais próximas de Donald Trump, o norte-americano Steve Witkoff, deve visitar Tel Aviv na quinta-feira (31) para avaliar alternativas para a libertação de reféns israelenses ainda mantidos em Gaza. A pressão internacional se intensifica. Uma coalizão de 15 países aprovou a proposta franco-saudita por medidas irreversíveis rumo à criação de dois Estados. Catar e Egito apoiam a transferência da administração de Gaza à Autoridade Palestina, hoje restrita à Cisjordânia. Israel e Estados Unidos boicotaram a conferência, reafirmando sua oposição ao reconhecimento unilateral do Estado palestino. Especialistas alertam para o risco de uma nova “Nakba”, como é chamada a expulsão em massa de palestinos em 1948. Para comunidades afetadas, o reconhecimento do Estado palestino representa não apenas um símbolo político, mas a possibilidade concreta de romper ciclos históricos de violência e ocupação. (Com AFP)

Na contramão de pressão internacional, ministro de Israel sugere anexar partes de Gaza

Palestinos carregam suprimentos de ajuda que entraram em Gaza através de Israel, em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, em 27 de julho de 2025. REUTERS/Dawoud Abu Alkas Na contramão da pressão internacional por uma solução de dois Estados, o governo de Israel debate a possibilidade de anexar territórios palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A anexação de partes de Gaza foi mencionada pelo ministro da Segurança israelense, Zeev Elkin, como uma estratégia para ampliar a pressão sobre o Hamas para forçar o grupo terrorista a aceitar um cessar-fogo na guerra, travada desde outubro de 2023, com termos que favoreçam Israel. Além de Gaza, o Parlamento israelense aprovou na semana passada uma moção que considera a Cisjordânia parte de Israel, "em oposição à criação de um Estado palestino". O texto aprovado pede a anexação do território palestino, porém, tem caráter simbólico e não tem efeito prático. No entanto, ocorre em meio a uma crescente expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia, considerados ilegais. O debate dentro de Israel ocorre em meio à crescente mobilização diplomática por parte de potências ocidentais por conta da crise humanitária, com fome em níveis inéditos, dos palestinos em Gaza. A França e o Canadá anunciaram que reconhecerão a existência do Estado Palestino em setembro, e o Reino Unido também sinalizou pelo reconhecimento, a menos que Israel se comprometa com o fim da ocupação e com medidas humanitárias concretas. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou durante conferência da ONU, copresidida por França e Arábia Saudita, que o Reino Unido está preparado para formalizar o reconhecimento do Estado palestino já em setembro. A França sinalizou apoio antecipado, com o presidente Emmanuel Macron defendendo um reconhecimento “solene”, tornando o país o primeiro do Ocidente a assumir tal posição. Ambos os governos condicionam suas decisões à suspensão da expansão de assentamentos na Cisjordânia e à liberação de ajuda humanitária em Gaza. Israel repudiou os anúncios de França e Reino Unido e afirma que reconhecer a existência do Estado Palestino neste momento seria uma recompensa ao terrorismo do Hamas. O grupo foi responsável por ataques em outubro de 2023 que resultaram na morte de mais de mil israelenses e no sequestro de centenas. Desde então, o cerco militar israelense sobre Gaza provocou a morte de mais de 60 mil palestinos, segundo autoridades locais. Organizações israelenses de direitos humanos, como B’Tselem e Médicos pelos Direitos Humanos, passaram a classificar as ações do governo como genocidas. A proposta de anexação territorial ganhou força na Knesset, com parlamentares do Likud aprovando resoluções que preveem a incorporação da Cisjordânia e uma eventual reinstalação de colônias judaicas em Gaza. Ministros da ala ultranacionalista, como Bezalel Smotrich, defendem publicamente a anexação total dos territórios palestinos. Nos bastidores, ideias como a sugerida pelo presidente Donald Trump — de transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio” — voltam a circular. Vídeos em alta no g1 Pressão internacional se intensifica Em meio ao impasse, o cenário humanitário se agrava. O IPC, órgão internacional que monitora crises alimentares, alertou para o risco iminente de fome em larga escala na Faixa de Gaza. As negociações por um cessar-fogo permanecem paralisadas, enquanto emissários internacionais tentam desbloquear as tratativas. O empresário imobiliário e uma das figuras mais próximas de Donald Trump, o norte-americano Steve Witkoff, deve visitar Tel Aviv na quinta-feira (31) para avaliar alternativas para a libertação de reféns israelenses ainda mantidos em Gaza. A pressão internacional se intensifica. Uma coalizão de 15 países aprovou a proposta franco-saudita por medidas irreversíveis rumo à criação de dois Estados. Catar e Egito apoiam a transferência da administração de Gaza à Autoridade Palestina, hoje restrita à Cisjordânia. Israel e Estados Unidos boicotaram a conferência, reafirmando sua oposição ao reconhecimento unilateral do Estado palestino. Especialistas alertam para o risco de uma nova “Nakba”, como é chamada a expulsão em massa de palestinos em 1948. Para comunidades afetadas, o reconhecimento do Estado palestino representa não apenas um símbolo político, mas a possibilidade concreta de romper ciclos históricos de violência e ocupação. (Com AFP)