STF só teve 3 mulheres ministras em sua história, e movimentos sociais começam a cobrar Lula pela sucessão de Barroso

STF: veja quando cada ministro se aposenta e quem o indicou Em 134 anos de história, o Supremo Tribunal Federal (STF) já teve 172 ministros. Entre eles, apenas três mulheres — e nenhuma negra. A discussão voltou após o ministro Luís Roberto Barroso anunciar, nesta quinta-feira (9), que vai antecipar sua aposentadoria. A saída abrirá mais uma vaga para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar ao Supremo. No entanto, de acordo com conversas iniciais de bastidores, os favoritos à vaga de Barroso são homens. Se Lula optar novamente por um homem, o tribunal voltará a ter dez ministros e apenas uma mulher: Cármen Lúcia, nomeada por Lula em 2006. Antes dela, as outras ministras foram: Ellen Gracie: nomeada por Fernando Henrique Cardoso em 2000. Aposentou-se em 2011. Rosa Weber: nomeada pela presidente Dilma Rousseff em 2011. Aposentou-se em 2023. Lula já começou a sofrer pressões de movimentos sociais para indicar uma mulher. Entre elas, o nome mais forte no momento é da ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (veja detalhes mais abaixo). Favoritos na disputa Os três homens aparecem como os principais cotados para a vaga: Jorge Messias, advogado-geral da União, é considerado o favorito natural de Lula, por ser um dos auxiliares mais próximos e de maior confiança pessoal do presidente. Rodrigo Pacheco, senador (PSD-MG) e ex-presidente do Senado, tem o apoio de Davi Alcolumbre — aliado de peso no Congresso e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por conduzir a sabatina. Pacheco também é visto com simpatia por ministros do Supremo próximos ao governo, como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), tem trânsito fácil entre o Planalto e o Congresso e é considerado um nome técnico e político, capaz de conciliar interesses entre o governo e o Senado. A tendência, segundo fontes do Planalto, é que Lula mantenha o critério da confiança pessoal que orientou as indicações de Zanin e Flávio Dino. Nesse cenário, Messias larga na frente. Chances de uma mulher De acordo com o blog de Gerson Camarotti, se o impasse entre Messias, Pacheco e Dantas se acirrar e a pressão por uma mulher aumentar, o nome mais ventilado no Palácio do Planalto é o da ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Indicada pessoalmente por Lula em 2023, Daniela é vista como uma escolha que aliviaria o desgaste político e responderia à demanda por diversidade de gênero e raça. Interlocutores próximos do presidente lembram que o nome de Daniela já vinha sendo cogitado — caso Lula seja reeleito — para a vaga da ministra Cármen Lúcia, que deverá se aposentar em 2029. Logo após anunciar a aposentadoria, Barroso foi questionado sobre a possibilidade de uma mulher substituí-lo. Ele respondeu que, “filosoficamente, gosta da ideia”. Jorge Messias, Rodrigo Pacheco, Bruno Dantas e a ministra Daniela Teixeira Marcelo Camargo/Agência Brasil; Jefferson Rudy/Agência Senado; Aloisio Muricio/FotoArena/Estadão Conteúdo; Roque de Sá/Agência Senado Entidades pedem que Lula indique uma mulher Após o anúncio da saída de Barroso, entidades do sistema de Justiça divulgaram uma carta pública pedindo que Lula indique uma mulher para o Supremo. “O anúncio da saída do ministro Barroso do STF abre uma janela única para que a Corte se alinhe ao compromisso assumido pelo CNJ de igualdade na Justiça brasileira”, diz o texto. “Não é por falta de excelentes nomes de mulheres que Lula deixará de indicar uma ministra para a Suprema Corte, reduzindo a constrangedora e histórica desigualdade de gênero que marca sua conformação”, afirmam as entidades. A carta é assinada por magistradas, promotoras, defensoras e advogadas de diferentes órgãos e instituições. O documento lista 13 nomes femininos considerados aptos a compor o Supremo, entre eles: Adriana Cruz, juíza e ex-secretária nacional do CNJ; Daniela Teixeira, ministra do STJ; Vera Lúcia Araújo, ministra substituta do TSE. Dora Cavalcanti, advogada; Edilene Lobo, ministra do TSE; Flávia Carvalho, juíza auxiliar no STF; Karen Luise, juíza e integrante do CNMP; Kenarik Boujikian, secretária nacional de Diálogos Sociais; Lívia Sant’Anna Vaz, promotora de Justiça; Livia Casseres, defensora pública e coordenadora da SENAD; Maria Elizabeth Rocha, presidenta do STM; Monica de Melo, defensora pública; Sheila de Carvalho, secretária nacional de Acesso à Justiça; As entidades afirmam que a baixa representatividade feminina e racial na Corte é um “problema estrutural” e pedem que o governo aproveite a oportunidade para corrigir um desequilíbrio histórico.

STF só teve 3 mulheres ministras em sua história, e movimentos sociais começam a cobrar Lula pela sucessão de Barroso

STF: veja quando cada ministro se aposenta e quem o indicou Em 134 anos de história, o Supremo Tribunal Federal (STF) já teve 172 ministros. Entre eles, apenas três mulheres — e nenhuma negra. A discussão voltou após o ministro Luís Roberto Barroso anunciar, nesta quinta-feira (9), que vai antecipar sua aposentadoria. A saída abrirá mais uma vaga para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar ao Supremo. No entanto, de acordo com conversas iniciais de bastidores, os favoritos à vaga de Barroso são homens. Se Lula optar novamente por um homem, o tribunal voltará a ter dez ministros e apenas uma mulher: Cármen Lúcia, nomeada por Lula em 2006. Antes dela, as outras ministras foram: Ellen Gracie: nomeada por Fernando Henrique Cardoso em 2000. Aposentou-se em 2011. Rosa Weber: nomeada pela presidente Dilma Rousseff em 2011. Aposentou-se em 2023. Lula já começou a sofrer pressões de movimentos sociais para indicar uma mulher. Entre elas, o nome mais forte no momento é da ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (veja detalhes mais abaixo). Favoritos na disputa Os três homens aparecem como os principais cotados para a vaga: Jorge Messias, advogado-geral da União, é considerado o favorito natural de Lula, por ser um dos auxiliares mais próximos e de maior confiança pessoal do presidente. Rodrigo Pacheco, senador (PSD-MG) e ex-presidente do Senado, tem o apoio de Davi Alcolumbre — aliado de peso no Congresso e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por conduzir a sabatina. Pacheco também é visto com simpatia por ministros do Supremo próximos ao governo, como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), tem trânsito fácil entre o Planalto e o Congresso e é considerado um nome técnico e político, capaz de conciliar interesses entre o governo e o Senado. A tendência, segundo fontes do Planalto, é que Lula mantenha o critério da confiança pessoal que orientou as indicações de Zanin e Flávio Dino. Nesse cenário, Messias larga na frente. Chances de uma mulher De acordo com o blog de Gerson Camarotti, se o impasse entre Messias, Pacheco e Dantas se acirrar e a pressão por uma mulher aumentar, o nome mais ventilado no Palácio do Planalto é o da ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Indicada pessoalmente por Lula em 2023, Daniela é vista como uma escolha que aliviaria o desgaste político e responderia à demanda por diversidade de gênero e raça. Interlocutores próximos do presidente lembram que o nome de Daniela já vinha sendo cogitado — caso Lula seja reeleito — para a vaga da ministra Cármen Lúcia, que deverá se aposentar em 2029. Logo após anunciar a aposentadoria, Barroso foi questionado sobre a possibilidade de uma mulher substituí-lo. Ele respondeu que, “filosoficamente, gosta da ideia”. Jorge Messias, Rodrigo Pacheco, Bruno Dantas e a ministra Daniela Teixeira Marcelo Camargo/Agência Brasil; Jefferson Rudy/Agência Senado; Aloisio Muricio/FotoArena/Estadão Conteúdo; Roque de Sá/Agência Senado Entidades pedem que Lula indique uma mulher Após o anúncio da saída de Barroso, entidades do sistema de Justiça divulgaram uma carta pública pedindo que Lula indique uma mulher para o Supremo. “O anúncio da saída do ministro Barroso do STF abre uma janela única para que a Corte se alinhe ao compromisso assumido pelo CNJ de igualdade na Justiça brasileira”, diz o texto. “Não é por falta de excelentes nomes de mulheres que Lula deixará de indicar uma ministra para a Suprema Corte, reduzindo a constrangedora e histórica desigualdade de gênero que marca sua conformação”, afirmam as entidades. A carta é assinada por magistradas, promotoras, defensoras e advogadas de diferentes órgãos e instituições. O documento lista 13 nomes femininos considerados aptos a compor o Supremo, entre eles: Adriana Cruz, juíza e ex-secretária nacional do CNJ; Daniela Teixeira, ministra do STJ; Vera Lúcia Araújo, ministra substituta do TSE. Dora Cavalcanti, advogada; Edilene Lobo, ministra do TSE; Flávia Carvalho, juíza auxiliar no STF; Karen Luise, juíza e integrante do CNMP; Kenarik Boujikian, secretária nacional de Diálogos Sociais; Lívia Sant’Anna Vaz, promotora de Justiça; Livia Casseres, defensora pública e coordenadora da SENAD; Maria Elizabeth Rocha, presidenta do STM; Monica de Melo, defensora pública; Sheila de Carvalho, secretária nacional de Acesso à Justiça; As entidades afirmam que a baixa representatividade feminina e racial na Corte é um “problema estrutural” e pedem que o governo aproveite a oportunidade para corrigir um desequilíbrio histórico.